Além das etapas de pesquisa e produção, a escolha dos avaliadores para compor a banca final também é uma responsabilidade dos alunos ou grupos em algumas universidades no contexto do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Nessa seleção, é fundamental considerar a experiência profissional e acadêmica dos convidados no tema abordado pelo trabalho.
A função da banca vai além de atribuir uma nota, ela também tem o propósito de propor melhorias para o desenvolvimento do projeto. Conforme Arlenes Silvino da Silva, diretor do Instituto de Ciência da Computação da UFMT (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul), essa contribuição só é efetiva quando os membros da banca possuem domínio sobre o tema em questão. “O ideal é que o avaliador tenha vivência profissional no segmento”, destaca.
Muitas vezes, os alunos podem não saber onde encontrar profissionais com o perfil desejado. Nesse momento, é importante conversar com o orientador do projeto, que geralmente possui contatos na área temática e pode auxiliar na busca por um avaliador adequado. Segundo Sérgio Lex, coordenador do curso de Administração do Mackenzie (Universidade Presbiteriana Mackenzie), o orientador pode interferir na escolha quando o grupo não chega a um consenso sobre a indicação ou quando os indicados pelos alunos não são aptos para avaliar o projeto.
Nathalia Pereira da Silva, graduada em Rádio e TV pela Cásper Líbero (Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero), relata que seu grupo enfrentou dificuldades para fazer a escolha dos avaliadores. No entanto, a proximidade com profissionais da área, graças ao estágio, contribuiu para resolver o impasse. “Na época, eu trabalhava em uma emissora de televisão com um jornalista que tinha experiência com produção de programas com formato semelhante ao nosso projeto”, conta.
A escolha de Nathalia foi considerada sensata por Lex, uma vez que o convidado para avaliar o TCC precisa ter conhecimento aprofundado sobre o tema abordado. Vale ressaltar que a rede de contatos dos alunos não se restringe apenas ao estágio. Durante o desenvolvimento do projeto, os estudantes realizam uma ampla pesquisa sobre o assunto escolhido e têm a oportunidade de conhecer profissionais de referência na área. É comum solicitar a esses contatos que sejam avaliadores do trabalho final, conforme afirma o coordenador.
Carlos Hardt, coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo da PUCPR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná), recomenda que o avaliador também possua experiência acadêmica. “É aconselhável buscar alguém familiarizado com processos de avaliação. Aqueles que não estão acostumados a avaliar trabalhos podem encontrar dificuldades”, comenta.
Antes de formalizar o convite, Silva sugere consultar o currículo do possível avaliador. “Muitos deles têm cadastro na Plataforma Lattes, do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Caso contrário, um bate-papo informal pode ser uma opção”, orienta. Segundo
Lex, não é necessário que o convidado seja necessariamente um professor, basta ter afinidade com a academia, já que seu papel é avaliar o projeto, fornecer críticas construtivas e sugestões.
Referência de mercado
Para Silva, os convidados da banca devem avaliar a proximidade do projeto com as demandas do mercado. “A função da banca vai além de avaliar os alunos e atribuir uma nota ao projeto apresentado. Os profissionais contribuem para o desenvolvimento do trabalho, tornando-o mais alinhado com a realidade do mercado”, destaca.
Segundo Joyce Bevilacqua, coordenadora do curso de Ciência da Computação do Senac São Paulo (Centro Universitário Senac de São Paulo), a visão externa é capaz de identificar aspectos tanto teóricos quanto práticos do projeto. “O convidado destaca pontos que agregariam valor ao trabalho, mas que passaram despercebidos pelos estudantes e pelo orientador”, ressalta. Ela acrescenta que o profissional também contribui com novas ideias e diferentes perspectivas sobre o trabalho avaliado. “Já houve casos de alunos que, devido a observações feitas pelos convidados da banca, decidiram fazer mestrado para aprofundar mais o tema”, destaca.
De acordo com Nathalia, a experiência do avaliador permitiu que ele analisasse como o projeto atingia o objetivo proposto e o público-alvo. Já o professor escolhido pelo grupo de José Carlos Barbosa, graduado em Administração pela Faenac (Faculdade Editora Nacional), fez observações sobre a apresentação do trabalho. “Ele apontou os pontos em que erramos e nos deu conselhos para melhorar”, relata.
Procedimentos burocráticos
Segundo Lex, é necessário confirmar a disponibilidade do avaliador. “É preciso considerar pelo menos mais uma opção, caso ocorra algum imprevisto e o primeiro escolhido não possa comparecer”. Essa também foi a recomendação da orientadora de Barbosa. “Nossa banca era composta apenas pela orientadora e por um professor da faculdade que seria escolhido pelo grupo. Precisamos pensar em uma segunda opção para cumprir as regras da instituição”, conta. Ele destaca que a escolha levou em consideração o conhecimento e a experiência do docente na área do TCC. “Ele havia ministrado aulas para nossa turma e sabíamos que seria rigoroso na avaliação”, explica.
Após a escolha, Barbosa repassou os nomes indicados para a orientadora, que os encaminhou à coordenação do curso responsável por formalizar os convites. “A direção do curso programa os horários das avaliações nas bancas”, explica o administrador. No entanto, o convite inicial aos avaliadores geralmente ocorre de forma informal, conforme afirma Joyce. Pode ser feito por telefone ou e-mail, e o convite formal só é efetivado quando a resposta é positiva. Ela ressalta que, ao redigir a correspondência oficializando a participação, é imprescindível incluir informações como data, hora e local. “É aconselhável também que o documento mencione o tema do trabalho e o nome dos membros do grupo. Lembre-se de
realizar o contato com cerca de um mês de antecedência”, alerta.
No caso da PUCPR, a seleção dos profissionais relacionados à área do TCC é feita pela comissão responsável pelos projetos. “No entanto, se algum membro do grupo discordar da escolha, deve informar à coordenação, que buscará um substituto”, destaca Hardt. Apesar dessa opção, o coordenador menciona que são raros os casos em que os estudantes discordam do nome escolhido pela universidade.
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